O Que a Bíblia Realmente Ensina Sobre Julgar os Outros

Textos base:
1 Jo 5.20 “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.”
1 Reis 3.11 “E disse-lhe Deus: Porquanto pediste isso, e não pediste para ti muitos dias, nem pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo;”
1 Reis 4.29 “E deu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e largueza de coração, como a areia que está na praia do mar.”

"Não julgueis, para que não sejais julgados" é um dos versos mais mal-aplicados da Bíblia! Muitos não sabem como ou quando aplicá-lo.

Devido à própria natureza irresposnsável de alguns líderes, filmes e até sites da internet e às muitas mensagens de correio eletrônico que recebemos, pois hoje a maioria de nós tem acesso à internet seja em casa ou no trabalho, suponho que citam Mateus 7.1 para nós mais que qualquer outro verso! Quando ousamos apontar o erro à luz das Escrituras em instituições religiosas ou em ministérios individuais, via email, blogs ou sites, podemos comumente esperar receber várias mensagens de leitores nos acusando de "julgar". Visto que esse é o caso, estamos violando a recomendação do Senhor quando criticamos outros cristãos?

Devemos responder dizendo que muitos do povo de Deus interpretam mal esse verso e, como conseqüência, chegam a adotar a posição extrema da tolerância, não ensinada na Palavra de Deus! Em primeiro lugar e antes de tudo, devemos ser um povo de discernimento espiritual e exercer grande cautela em aceitar como genuínos aqueles que afirmam serem nossos irmãos porque a Bíblia claramente ensina que "... estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem." [Mateus 7:14]. Ela também nos ensina que Satanás está ocupado "plantando joio no meio do trigo" — enchendo igrejas de descrentes. Portanto é de suma importância que não estejamos no grupo ao qual o lendário empresário circense P. T. Barnum certa vez se referiu dizendo: "Nasce um novo idiota a cada minuto!" O Diabo não poderia estar mais satisfeito quando crentes bem-intencionados baixam a guarda e dão as boas-vindas a qualquer um e recebem a todos na igreja. Ele também fica gratificado quando essas mesmas pessoas ficam extremamente irritadas com os pastores que chamam a atenção das macieiras que estão produzindo limões. Vejamos em Mateus 7.15-20 a base para essa analogia:

"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos de ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos frutos os conhecereis."

Esse princípio básico é a razão por que continuamos alfinetando o tema "prestar mais atenção ao que eles fazem do que ao que dizem — porque falar é fácil".

O Espírito Santo de Deus reside dentro dos crentes genuínos, portanto Sua presença resultará na manifestação do "fruto do Espírito" em suas vidas [Gálatas 5:22,23]. Esse fruto é a única evidência visível pela qual podemos discernir se alguém é salvo ou não. Assim, quando o andar de uma pessoa não é coerente com o que ela diz, devemos ficar muito cautelosos com relação a ela.

Exercer discernimento espiritual é exercer julgamento. Uma das definições do dicionário de julgar é "formar opinião ou juízo crítico sobre; avaliar". Uma definição paralela de julgamento é "capacidade de tomar uma decisão ou formar uma opinião por discernimento e avaliação". Esse é o sentido de julgar, ou julgamento, que devemos ter o cuidado de manter, pois o Diabo está fazendo tudo em seu considerável poder para nos enganar por meio dos falsos "irmãos".

Devemos nos lembrar de alguns exemplos bíblicos como: Ofini e Fineias (1 Samuel 2.12-17), Ananias e Safira (Atos 5.1-11), Himeneu e Alexandre (1 Timóteo 1.20), que estavam no meio do povo de Deus, mas com seus corações totalmente corrompidos pelo pecado, portanto afastados de Deus, induzindo pessoas ao mesmo erro que eles cometiam, mas para a defesa de Seus santos o SENHOR nos diz em: Mt 18.6 “Quanto a estes pequeninos que crêem em mim, se alguém for culpado de fazer com que um deles me abandone, seria melhor para aquela pessoa que ela fosse jogada no lugar mais fundo do mar, com uma pedra grande amarrada no pescoço”

A orientação do Senhor para "não julgar" em Mateus 7:1 usa a palavra grega krino, cujo significado — de acordo com o Expository Dictionary of New Testament Words, de W. E. Vine — é: "primeiro indica separar, selecionar, escolher; portanto, determinar e então julgar, pronunciar julgamento". Em outras palavras a advertência é para nós não nos postarmos como juízes e pronunciar sentença contra uma pessoa — e condená-la — particularmente se estamos usando a nós mesmos como padrão. Isso não significa, entretanto, que devemos deixar de observar os outros e formar opiniões sobre a validade de sua profissão de fé. Isso não significa que os pastores devam deixar de advertir seu rebanho sobre o erro doutrinário nos ministérios dos outros pastores. Uma das maiores mentiras do Diabo é que a unidade deve ser preservada por meio da abolição de toda a crítica.

Em 1 Coríntios 5, encontramos o que o apóstolo Paulo ensinou aos crentes de Corinto sobre julgar indivíduos dentro da igreja. A base dessa passagem em particular envolve um homem que era membro da igreja, mas que estava vivendo em imoralidade aberta com "a mulher de seu pai" (verso 1). Aparentemente, a mulher era a madrasta do homem e, por causa de sua posição elevada na comunidade, esse pecado flagrante estava sendo relevado. Quando isso foi trazido ao conhecimento de Paulo, ele não mediu palavras para condenar a imoralidade e exigiu que a liderança da igreja entregasse o homem "a Satanás para a destruição da carne" (verso 5). Em outras palavras, a excomunhão — a remoção dos privilégios de membro e expulsão da assembléia — foi fortemente recomendada por Paulo. Isso significava punir o homem, colocando-o fora da proteção espiritual da igreja local e, como efeito, relegando-o de volta ao domínio de Satanás — onde sua carne (natureza carnal) ficaria debaixo de ataque demoníaco. Tudo isso foi feito com a esperança de que o homem procurasse arrependimento, perdão de Deus e restauração da comunhão com os outros irmãos. Essa história teve um final feliz, pois foi exatamente isso que o homem fez após ser disciplinado. No entanto, o ponto principal que não devemos perder encontra-se nas solenes palavras de Paulo nos versos de 11 a 13, onde exorta literalmente aos irmãos a exercerem julgamento espiritual nessa questão:

"Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo."

(NTLH) versos 12-13 “O que eu digo é que vocês não devem ter nada a ver com ninguém que se diz irmão na fé, mas é imoral, ou avarento, ou adora ídolos, ou é bêbado, ou difamador, ou ladrão. Com gente assim vocês não devem nem comer uma refeição. Afinal de contas eu não tenho o direito de julgar os que não são cristãos. Deus os julgará. Mas será que vocês não devem julgar os seus irmãos na fé? Como dizem as Escrituras Sagradas: "Expulsem do meio de vocês esse homem imoral."

Outra interessante passagem encontra-se em 2 Tessalonicenses 3, onde parece que falsos mestres tinham convencido alguns dos crentes em Tessalônica que o Senhor estava para voltar em certa data. Assim, eles deixaram seus empregos, venderam suas posses, e estavam ansiosamente esperando o retorno de Cristo. Mas, enquanto esperavam, tinham de viver da generosidade de outros irmãos e, entre outras coisas, eram culpados de vadiagem e de "meter o nariz" nos negócios alheios. Para corrigir o problema, as palavras de Paulo nos versos 6, 14 e 15 uma vez mais encorajam julgamento apropriado:

"Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu... Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão."